[Em Cima do Lance com Paulo Leandro] Vitória 3x4 Goiás: verdade mesmo?
Vitória 3x4 Goiás: verdade mesmo?
Tou vendo aqui o primo Dalmo todo feliz, desestressado, postando umas curtições porque o torinha levou uma virada incrível em Goiânia. Meu filhão até me mandou um SMS dizendo que o jogo tava 3x0 pro vitória e depois mandou um dizendo que o Goiás virou.
Parece incrível e a lei das três fontes manda confirmar com mais uma se um absurdo desse é verdade. Não vou nem ver os gols no youtube. Pra quê? Já sei que a defesa bragueira abriu a porteira e o professor não deve ter fechado a tranca como deveria.
Depois de dois dias de turismo intenso, guiando um maravilhoso grupo de amigos mineiros pelas trilhas da Chapada, um time que toma uma virada dessa não merece muita consideração. Sei que todos temos devoção pelo desporto, mas isso assim também já é demais.
Não é a primeira vez não. O Vitória tomou uma virada dessa, e também para um time verde, é capaz de ter sido o próprio Goiás, lá pelos idos de 2005 mais ou menos, quando ainda estava no comando de A Tarde Esporte Clube (ATEC), bravo tabloide encartado no centenário da Tancredo Neves.
Inaceitável tomar uma virada dessa outra vez. É preciso tirar quem não tem competência e tentar refazer o rumo enquanto é tempo. Ou achar que é natural tomar uma virada dessa, parecendo os babas antigos do Largo do Ouro, ali na Liberdade.
ESPELHO
Já o meu editor Edinei Dantas publicou no jornalisando que foi bom o pontinho beliscado pelo Bahia lá em Santa Catarina, diante do Figueirense. Concordo sim porque resultado fora de casa, quando não dá pra vencer, vale voltar com um pontinho.
Embora, vamos sublinhar, a média de um ponto por jogo é insuficiente para se animar. Porque neste ritmo, chegaremos à última rodada com 38 e esta pontuação não é compatível com o sonho de evitar o rebaixamento, meta muito mesquinha para um clube tão poderoso e bicampeão brasileiro.
O fato é que o Bahia, como todo clube da sua região, não tem orçamento que rivalize com grande parte das agremiações da Série A. Portanto, é uma façanha encarar esta competição de peito aberto. Daí, a dificuldade para o tricolor se alinhar aos maiores, ali no TOP 10, a primeira dobra da classificação.
Com o passar das rodadas, a tendência é o Bahia se contentar em conquistar outra vaga de Sul-americana e a comemoração será como um grande título, gerando manchetes e quem sabe um desfile em carro aberto dos bombeiros, saindo do aeroporto até a Praça da Sé.
Sabe como a torcida de ouro é entusiasmada, né? Entrando um pouco por uma disciplina que voltarei a lecionar em agosto, teorias do jornalismo, podemos tentar refletir como a teoria do espelho ainda impregna as cabecinhas jornalísticas.
GUIA
Um mesmo contexto, uma mesma situação, uma só possibilidade: o Vitória na Sul-Americana; o Bahia na Sul-Americana. E analisem o tratamento dedicado por veículos de comunicação às duas conquistas. O Vitória, meio de texto, rodapé, minimizando. O Bahia, manchete, capa, destaque, valorizando.
A teoria do espelho vem em nosso amparo e dá a entender que o jornalista reflete no conteúdo que produz a realidade hábil e magicamente extraída do mundo. Nossas mentes, prodigiosas e rápidas, jogam duríssimo e transmitem o real, tal e qual acontece. Este é o espelho.
O espelho inclui, organicamente, as ideias de objetividade, neutralidade e imparcialidade, pois só assim, transformado em objeto de reflexão, o jornalista conseguiria agir como um espelho do mundo. Deve ser por isso que o Bahia na Sul-Americana dá manchete, e o Vitória, rodapé.
Os jornalistas esportivos, provavelmente, percebem na vibração da torcida tricolor e nos números das vendas de impressos, motivos mais que suficientes para dar um tratamento diferenciado. Uma nova classificação à Sul-americana talvez mereça um pôster.
O melhor mesmo, de tudo isso, é estrear como guia turístico e levar meus amigos mineiros por aí. Serrano, Cachoeirinha, Alto da Cachoeirinha, Praínha, Primavera, Salão de Areias, Poço Halley, Lapa Doce, Pratinha, Gruta Azul, Morro do Pai Inácio. Ser guia é muito melhor que labutar com jornalismo.
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