[Boas Novas] O Jornalista Paulo Leandro estreia Coluna Em Cima do Lance no Jornalisando, confira...
Um dos maiores jornalistas de Salvador, o mestre Paulo Leandro é o mais novo colaborador do Jornalisando.com. Profissional de alta estirpe responsável pelos tempos áureos do A Tarde Esporte Clube e recentemente no Correio*, também leciona em Faculdades de Jornalismo. Bem vindo Mestre...
28 de Maio de 2012
A Segundona é mais divertida
O São Paulo de Henriquinho, neto de dona Ilda e herdeiro do finado amigo Ramón, bateu o Bahia por 1x0. Placar magrinho. O campeão baiano ainda não fez um golzinho nesta Série A. Elite é assim mesmo.
Ramon, pai de Henriquinho, era agitadíssimo, e não se submetia ao ordenamento proposto pelo turismo. Ótimo profissional guia, rompeu com as agências e trabalhava por conta própria. Esbagaçou-se sobre uma moto sob uma carreta numa noite má.
Voltando ao foco esportivo, o Bahia subiu e a torcida sabe que não é fácil se manter lá, sendo um clube de um estado pobre. E o Bahia permaneceu na elite, não entrou numa de ioiô, não foram sete meses pra cair, como cantou a torcida do Vitória.
Agora, que não se espere boa vida na elite e é por isso que, como distração e entretenimento, prefiro mesmo uma segundonazinha. As chances de se divertir com o delírio do gol são maiores quando se enfrenta times com camisa mais leve.
Pra levar criança, e formar nela o coração do torcedor, é muito mais fácil vibrar com time que vence. Vejam, mal-comparando, as séries A e B do ano passado. O Vitória não subiu, mas o torcedor rubro-negro curtiu muito mais.
SE SECANDO
O bi-vice-campeão estadual chegou em quinto lugar em uma sensacional arancada que surpreendeu os torcedores mais pessimistas. Deu goleadas, virou jogos difíceis, deu seus moles também, é verdade, mas no cômputo geral, o saldo foi positivo.
Já o campeão ficou naquela de cai-não-cai, sofrendo para alcançar a praia da Sul-americana. Ao final, se deu melhor que o Vitória. Outro status. Habita a primeira divisão. O rival purga série intermediária contra americanas e guaratinguetás.
Do ponto de vista racional o Bahia leva vantagem, mas aplicado o princípio do prazer dos hedonistas e curtidores contemporâneos, o torcedor do Vitória pulou mais, se encantou mais com o Nego que o tricolor, silencioso tricolor de tantas derrotas.
Este ano, tudo se afigura não ser diferente. O Vitória começou vencendo e amanhã visita o Criciúma. Amigo Kléber, contemporâneo da Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC), safra 1982, previu que o Nego não toma menos de dois.
Já o Bahia dele perdeu apenas por 1x0, dois a menos que a aposta de Mayre Freitas Limeira. É assim que a banda vai tocar até o final do ano. Todo mundo se secando um ao outro e, quem sabe, o Bahia vai continuar comemorando ficar na elite.
CRITÉRIOS
Outro ponto a se discutir é até que ponto vale a pena subir pra ficar neste sofrimento. Se não é mais honesto vestir a carapuça de clube menor, Série B, incapaz de disputar o título.
Entrar na disputa visando uma Sul-americana é tirar muito o torcedor de otário. Neste aspecto, acho que nós, jornalistas esportivos, poderíamos contribuir mais, aplicando princípios de jornalismo e não de publicidade ao conteúdo distribuído.
Valorizamos demais a paixão do torcedor e as façanhas do suposto ídolo e esquecemos o dom da crítica. Outro dia mesmo, o torcedor foi maltratado em filas imensas pra comprar ingresso, ao sol de meio-dia, mas só ressaltamos a paixão.
Perdemos a noção que aquilo ali era uma reportagem de denúncia de uma péssima prestação de serviço ao cidadão. Assim, também, louvamos os aspectos polianamente positivos das nossas instáveis agremiações e poupamos as críticas.
Eu poderia contribuir mais contrapondo às qualidades, aspectos da interpretação da realidade que causam alguma inquietação, como os critérios para se contratar um jogador e como se ganha a posição num time de grande torcida.
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