Aumenta procura de grávidas por partos humanizados e domiciliares

A administradora Mariana Gadelha deu à luz  um bebê. Mãe de um rapaz de quase 20 anos, ela pensou muito antes de optar pelo parto domiciliar. “Na minha primeira gravidez, o parto foi cesariana, era muito nova, hoje quero ter a oportunidade de um parto tranquilo, onde minhas vontades sejam acatadas, sem sombra de temor ou violência obstétrica”, diz a mãe, que escolheu uma organização conhecida como Cais do Parto, com representantes em todo o país, para fazer  o parto. Ela foi acompanhada por uma doula, que é médica obstetra, mas quem foi chamada para realizar o parto foi uma parteira ligada ao Cais.

Divulgação


A decisão de Mariana não é algo inusitado. Na verdade, diante da crise de leitos obstétricos na Bahia e da desumanização da assistência às grávidas e seus filhos, optar por um parto em casa parece estar se tornando uma tendência acolhida pelas futuras mamães. Elas destacam questões como a proximidade com a família, o ambiente conhecido, o parto humanizado, o respeito aos seus desejos e crenças como as principais vantagens desse procedimento.

Aspectos como o respeito à maturidade da criança que, no parto natural, nasce quando está amadurecida; o fortalecimento dos vínculos; a facilitação da amamentação; a disposição da mãe no pós-parto e o fato de que a passagem pelo canal vaginal permite que o trato gastrointestinal da criança seja colonizado pela flora da mãe, deixando-a mais saudável são alguns dos pontos reforçados pelos defensores do parto natural.

Tendências e tradições
Ao contrário do que muitos podem pensar, o parto domiciliar não é um retrocesso, é um procedimento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para aquelas mulheres com gestação sem risco e absolutamente acompanhadas por profissionais de saúde em exames pré-natais. Esse tipo de parto pode ser feito com a presença de dois médicos obstetras, duas enfermeiras obstétricas, médico e enfermeiro, com obstetriz  (que é uma formação de nível superior para parteiras) ou pelo método tradicional com parteira. Nessas situações, mesmo que tudo esteja correndo conforme o planejado, os envolvidos no processo orientam que a futura mamãe tenha um plano alternativo numa unidade hospitalar, caso haja alguma intercorrência.

Quando a médica obstetra Marilena Pereira começou a trabalhar – há 32 anos – os partos domiciliares e naturais eram uma raridade e feitos apenas por mulheres que possuíam uma forte identificação com uma filosofia de vida mais holística e alternativa. “Hoje, os partos normais, naturais e domiciliares passaram a ser uma escolha cada vez maior das mulheres que querem ser respeitadas em suas escolhas”, completa a médica.

Ela explica que embora todos os partos ocorram por via vaginal, eles possuem diferenças bem significativas. “No parto normal, o bebê nasce pela vagina, mas a mulher pode sofrer com intervenções analgésicas ou anestésicas. No parto natural, o médico não interfere, apenas observa e vigia para que tudo ocorra de forma fisiológica. No domiciliar, o parto é feito em casa e a mulher faz as opções mais adequadas para ela e o bebê”, esclarece.

Respeito feminino  


Os dados da pesquisa Nascer no Brasil, conduzida pela Fiocruz em parceria com outras instituições científicas, mostram que 70% das brasileiras desejam um parto normal quando estão no início da gravidez. “No entanto, elas não conseguem realizar sua vontade e algo que deveria ser visto como absolutamente fisiológico é visto com muito medo”, completa a médica.

O Brasil é campeão mundial em cesarianas. Mais de 52% dos partos realizados no Brasil são cirúrgicos, enquanto a recomendação da Organização Mundial de Saúde é para que um país realize até 15% dos seus partos através do procedimento. Na rede privada, as cesarianas chegam a 88% dos nascimentos.

Na região metropolitana, as boas práticas estão sendo implantadas pela rede Cegonha em maternidades como a Tsylla Balbino, José Maria de Magalhães e a Climério de Oliveira, além do CPN da Mansão do Caminho. Marilena salienta que a experiência do parto domiciliar pelo SUS é muito pequena e que precisa ser mais conhecida. O parto em casa feito com presença de médicos e enfermeiros obstetras varia de R$ 6 mil a R$ 10 mil.

Vale salientar que, atualmente, no SUS, existem doulas voluntárias atuando oficialmente na Maternidade de Referência José Maria de Magalhães e no CPN Mansão do Caminho. É possível também contratar doulas particulares.

Mãos amigas  


Segundo a doula e estudante de obstetrícia da Universidade de São Paulo Liza Cunha, essas são as que permitem um acompanhamento em toda a gestação e possibilitam uma vinculação maior ao longo de todo o processo. “Doulas são mulheres que acompanham gestantes antes, durante e depois do parto, prestando apoio físico e psicológico, além de informações sobre todo o processo, orientação sobre os profissionais que podem atender as demandas da mulher, auxílio na elaboração do plano de parto (documento que é levado no dia do parto, informando sobre tudo que quer e não quer que aconteça com ela e com o bebê), cuidados com o bebê, orientação e incentivo a amamentação”, esclarece.

Atuando na Mansão do Caminho e partos particulares, a doula Allegra Pitombo ressalta que sua profissão não é a de parteira ou obstetriz. “A doula cuida da mulher para que ela esteja pronta para cuidar do bebê”, completa. Allegra ressalta que o trabalho particular possui valores diferenciados e acertados conforme a necessidade da parturiente, mas os pacotes variam de R$ 800 a R$ 2 mil e que o trabalho da doula é realizado antes, durante e após o parto.

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