Hoje tem briga de Leões pela presidência do Vitória



Por Edinei Dantas

Hoje o Conselho Deliberativo do Vitória vai eleger o Presidente tampão que ocupará a lacuna deixada por Carlos Falcão, que finalmente renunciou o restante dos 21 meses de mandato, livrando o clube de uma inhaca instalada desde que ele substituiu Alexi Portela. A reunião deve ser iniciada às 19 horas na Toca do Leão. A Nação Rubro Negra espera que esta seja a última eleição através do Conselho Deliberativo e até por isso os dois candidatos afirmam que no que depender deles iram democratizar o clube com eleições diretas. Embora Raimundo Viana já tenha tirado o braço da seringa no programa Os donos da bola desta segunda-feira (30), ao dizer que não depende da caneta do presidente.

Carlos Falcão pediu renúncia na semana passada após a eliminação da equipe nas quartas de final do Campeonato Baiano. A votação é restrita ao Conselho, que irá escolher entre o advogado Raimundo Dias Viana e o educador Ivã de Almeida.

O presidente em exercício do Vitória, Silvoney Salles, anunciou nesta segunda-feira (30), o número de conselheiros aptos a participar da eleição do novo presidente do clube. De acordo com Salles, 181 conselheiros dos 240 efetivos poderão votar. Além disso, outros 80 suplentes também poderão participar da eleição, mas só terão direito a voto em caso de ausência dos conselheiros efetivos. Se, por exemplo, 20 dos 181 efetivos faltarem, 20 dos 80 suplentes ganharão direito a voto. A ordem dos suplentes que poderão votar será determinada por ordem de chegada, após assinatura de um livro de presença.

Além dos conselheiros efetivos e suplentes, outros 15 conselheiros natos terão direito a voto. Já os conselheiros beneméritos não podem votar. De acordo com Salles, a mesa apuradora e as quatro urnas já estão a postos para receber os votos dos conselheiros. O dirigente ainda garantiu que a imprensa terá acesso ao pleito assim que o primeiro conselheiro votar na eleição.

Os últimos presidentes do Vitória foram eleitos por aclamação.


Raimundo Viana:

O Advogado já foi presidente do Leão na década de 70. Confira as propostas dele:

FUTEBOL
- Meu pensamento é que eu vou me reunir na quarta-feira ou, mais tardar, quinta-feira de manhã, com a equipe técnica - o gestor Anderson Barros, o treinador, o superintendente e mais alguns ligados ao futebol - para a gente fazer uma avaliação global para ver para onde ir. Eu acho muito arriscado eu dar a minha opinião de torcedor. O ideal seria trazer Messi, Cristiano Ronaldo e outros bichos. Agora, temos como pagar? Não é verdade? Temos como dispensar indenizando o atleta ou formando um passivo gigantesco para inviabilizar o clube? Eu estou consciente de que vem aí uma lei de responsabilidade esportiva. Mas o setor de futebol profissional passará por uma rigorosa análise. Essa é uma das principais metas do meu trabalho.

ELEIÇÕES DIRETAS
- Eu sou a favor. Fui o último chefe de departamento da Universidade Federal de Direito eleito indiretamente. Para o meu sucessor eu convoquei eleição direta. Eu fui o último coordenador de curso, da mesma faculdade, eleita pela via indireta. Quando eu saí, eu convoquei eleição direta, participando inclusive funcionários. Logo, para mim a eleição direta é como um alimento. Eu sou advogado, eu sou professor. Se eu não for a favor dessa abertura, eu sou a favor da ditadura. O cara pegar você e dizer: "Você vai ser governador!”, “Você vai ser prefeito!”. Não! Chama o povo! Se eu fizer um bom trabalho, se a bola entrar, não tem quem ganhe para mim. Logo eu não posso ser contra.

FINANÇAS
- Eu pretendo redefinir o programa Sou Mais Vitória com o objetivo de aumentar o número de sócios. Talvez aí o triplo ou quádruplo de atualmente. Se nós chegarmos a uma faixa de 25 a 30 mil sócios do Sou Mais Vitória, inclusive com direito a voto, o Vitória vai ter uma receita extraordinária. Eu pretendo também adotar mecanismos de modernização na formação de nossos atletas de base. Não só com a ampliação dos espaços de treinamento, mas também com a melhoria interna para o conforto dos atletas e, principalmente, com o trabalho de psicologia para trabalhar a cabeça do atleta, o seu físico. O Vitória é conhecido aqui e no exterior como uma fábrica de talentos. A gente não pode perder isso de vista. Além do mais, tem outra coisa: o Barradão. É um patrimônio fantástico. A nossa concentração é uma das mais modernas do Brasil. A nossa sala de fisioterapia é uma das mais modernas do Brasil. Atletas vêm por aí fazer recuperação aqui, e a gente não pode perder isso de vista. E ainda tem o remo, que é o segmento que tem muitos adeptos. Muita gente torce pelo Vitória por causa do remo. Isso a gente precisa manter. Nós temos a hegemonia local nessa área e precisamos manter. Em outras palavras: vou dar prioridade número 1 ao futebol. Se a bola não entra, nada disso resolve. Nada disso. Estou consciente disso. Se a bola entra, tudo isso fica mais fácil.

Ivan de Almeida:

FUTEBOL
- O futebol do Vitória precisa estabelecer uma estrutura profissional. Precisa se modernizar. Precisa se criar um organograma de quem manda onde. E quem vai fazer isso é o Sinval Vieira. Ele está determinado a fazer o mando geral no futebol, desde a base até o profissional. Eu não estou me referindo ao gerente de futebol. Eu já ouvi até o doutor Raimundo Viana dizendo que ele [Raimundo] será o diretor de futebol. Para mim, é uma doideira isso, um gol contra. É um contrassenso. Não é meu caso. Eu penso em criar uma estrutura congregada desde a base até o profissional, onde vai ter uma pessoa especialista, que será Sinval Vieira.

ELEIÇÕES DIRETAS
- Antes de 2010, eu já falava disso. Em 2010, quando eu saí candidato, o primeiro item era reforma estatutária. E, na hora da eleição, quando muita gente acha que foi fraqueza minha não ir até as urnas, o que aconteceu foi que, quando eu cheguei no Barradão, fui convidado por Alexi Portela, Falcão e membro grande da diretoria, me perguntando o que me interessava no Vitória. Naquele momento, eu deixei claro que não estava sendo presidente por ser presidente. O que me incomodava era a questão estatutária. Ele me prometeu, na frente dos conselheiros, ele disse: "Ivã retirou a candidatura, porque ele concorda que eu vou fazer a reforma estatutária". Então, naquele momento, estabeleceu-se uma comissão com doutor Raimundo Vianna presidente da comissão. Só que eu caí num engodo, porque, de cinco membros da comissão, quatro eram membros da diretoria, incluindo Raimundo Viana. Então tudo que se discutia democraticamente era em votação. Então não teve nenhuma alteração estatutária. O que estou dizendo pode ser comprovado, porque o estatuto desse resultado foi encaminhando ao presidente do Conselho Deliberativo. Eu disse que, se fosse apresentado, ia colocar o estatuto que eu havia feito e disse: "Vai virar um inferno aí dentro do Barradão". O que aconteceu? Até hoje José Rocha (presidente do Conselho) não colocou esse estatuto em prática. Que foi o estatuto que ele fez da cabeça dele, conforme queria a diretoria. Agora repare, Alexi Portela recentemente ligou para um programa de rádio, dizendo que era contrário à eleição direta. Ele que indicou doutor Raimundo Viana. Falcão sempre foi contra a qualquer brechinha. Como vou acreditar que agora ele [Raimundo Viana] vai fazer a eleição direta? E mais, maluquice, ele dizendo que é candidato de oposição e que não foi indicado por Falcão. Ele disse, no último Conselho, que quem indicou Falcão foi ele. O que Falcão fez foi pagar a fatura. Eu sei como ele pensa, porque nós passamos quatro anos discutindo o estatuto. E inclusive seis meses depois ele me disse: "Ivã, eu pensei que era aventureiro, oportunista, mas se Falcão não fosse presidente eu votaria em você. Eu sei que você é uma pessoa séria, que pensa no Vitória e está aqui para contribuir". Minha candidatura eu lancei em 2010. Abri mão para mudar o estatuto. O Vitória precisa de um presidente que promova essas mudanças, que abra o clube e que faça uma estrutura no departamento de futebol. Transparência na administração. A base gasta quase R$ 7 milhões e não revela um jogador que preste.

FINANÇAS

- Em primeiro lugar, o Vitória pode fazer, sim, uma gestão responsável financeiramente. Mas isso não significa não investir. O Vitória tem que investir pesado no nosso principal produto, que é o futebol. Eles não sabem quanto estão tendo de prejuízo em não fazer isso. Eu acho que o Vitoria está errado no momento em que não investe. Tem que investir pesadamente. De forma responsável, mas tem que investir. Para eles exigirem que a torcida vá lá, como eles ficam falando “a torcida não comparece...”, eu não vou falar isso. Porque, na hora que eu tiver um time de qualidade, a torcida vem naturalmente. Não sou eu que vou convocar a torcida para vir, não. Quem vai levar a torcida para o estádio é investimento pesado no clube, são as estrelas do futebol. O principal produto nosso é o futebol. Não tem sentido eu ficar: “Estou cheio de patrimônio, cheio de patrimônio”. E o resultado? Os grandes clubes de São Paulo, Rio, etc, eles devem? Devem. De forma responsável. Estão aí vivendo. São campeões brasileiros, de Libertadores, não sei o quê. Aqui todo mundo tem medo. Não pode ter medo de investir, não. Tem que dever? Tem. Agora, de forma responsável. Espero que não deva, espero que nunca deva, agora, tem que investir. “Tem R$ 1 em caixa”. Para que R$ 1 em caixa e um time ruim? Não pode. A gente tem debatido isso, são pontos conflitantes. Ele [Raimundo Viana] acha que é política de pés no chão. E o resultado? Não pode. Quem vai entrar no futebol sabe que o futebol é uma indústria diferente, uma empresa diferente das outras. Ela vive do futebol. Ela tem que vender jogador todo final do ano. Tem que ter dois ou três jogadores de qualidade saindo da base. Tem que ter jogadores entrando no time profissional. Tem que fazer troca de jogador de qualidade, não é trazer jogador em fim de carreira, que está quebrado lá. São esses jogadores que estão vindo para o Vitória. Ele [Raimuindo Viana] já demitiu o diretor de futebol. O próprio Anderson hoje deve estar com a cabeça desse tamanho: “Já estou fora”. A equipe está em competição, e eu já disse a ele: “Vamos fazer o seguinte: tudo o que a gente falar, vamos esquecer a equipe”. Silvoney Salles está levando a equipe direitinho, eu conversei com ele para fazer um trabalho psicológico e separar a equipe dessa situação para a gente ganhar do América-RN lá, ganhamos, e ganhar do América-RN aqui, com toda dificuldade que a gente sabe que está tendo naquela equipe, mas a equipe que a gente tem hoje é aquela. Agora, amanhã vamos tomar novas medidas para que o clube efetivamente cresça. 

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