[Policiando] A PM QUE QUER ABRAÇAR TUDO, E PORTANTO COMETENDO O ERRO DOS OUTROS...
O artigo 144, § 5º, da
Constituição Federal é curto e grosso: “Às policias militares cabem a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública”. Pronto. Já sabemos qual é a função
das polícias militares no Brasil. Repetindo: “polícia ostensiva e preservação
da ordem pública”.
Mas eis que, com o passar das
décadas, a velha PM de guerra foi “acostumada” (sem força de lei mesmo) a
exercer outras tarefas que não as duas missões dadas acima.
Repetindo: “polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública”.
Por exemplo: na manhã desse
domingo (16/março), a senhora Cláudia Silva Ferreira, 38 anos, saiu de sua casa
para comprar pão numa das centenas de favelas do Rio de Janeiro. No percurso,
ela foi alvejada numa troca de tiros entre a PM e traficantes.
Até aí, a Polícia Militar estava
cumprindo sua missão claramente expressa pela Constituição Federal – “polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública” –, pois tentava combater os
criminosos daquela comunidade.
O problema é que Cláudia foi
baleada e precisava de “alguém” para socorrê-la até o hospital.
A pergunta é: “a quem compete
socorrer pessoas baleadas nas ruas do Brasil?” Na falta de socorristas, lá
estavam três policiais militares mudando de função abruptamente, deixando
colegas de farda em pleno tiroteio, para pegar Cláudia, embarcá-la na viatura e
levá-la até o hospital mais próximo.
No caminho, a tragédia: por
razões que só a perícia pode explicar, a mulher caiu da mala da viatura, mas
ficou pendurada pela roupa e acabou sendo arrastada por um trecho de 250
metros.
Chegou morta ao hospital.
Um motorista que vinha logo atrás
da viatura filmou a mulher pendurada no carro da polícia, o caso logo subiu na
lista das notícias mais lidas das últimas horas e os policiais – que deixaram
seu serviço para fazer o de outros segmentos – foram presos e já condenados por
muitos leitores/telespectadores Brasil afora.
“Onipresente”
Muita gente se pergunta “por que
a PM erra tanto?” Seguem algumas respostas:
Faltam agentes penitenciários
para custodiar presos em hospitais? Chama a PM.
Faltam agentes do Ibama para
capturar uma cobra no quintal de casa? Chama a PM.
Não tem Conselho Tutelar na
cidade para “conversar” com um menor? Chama a PM.
Não tem equipes de socorristas de
plantão na cidade? Chama a Polícia Militar...
E se o preso fugir do hospital?
Culpa da PM.
E se a cobra picar a dona de
casa? Omissão da PM.
E se o menor for mal tratado
pelos policiais? Processo judicial neles!
E se uma mulher baleada cair de
um carro não apropriado para socorro?...
Eternamente
Quem é que não sabe qual é o
resultado de um confronto entre policiais e traficantes num país como o Brasil,
especialmente nas comunidades de risco?
Seria uma grande façanha presumir
que quase sempre haverá feridos nesses combates?
Se as incursões policiais nesses
ambientes são necessárias (se não fossem, a PM não receberia a ORDEM de ir para
lá) e sempre PREVISÍVEIS, por que equipes de socorristas devidamente
capacitados para este fim não são direcionadas ao local?
Onde está escrito que a Polícia
Militar deve, ao mesmo tempo, realizar a “polícia ostensiva, preservação da
ordem pública E socorrer feridos”?
Nada contra a PM dar uma ajuda a
quem precisa, quando flagrantemente necessário.
Mas antes de jugarmos os erros
“dos outros”, é bom lembrar que muitas vezes eram “os outros” que deveriam
estar ali ‘errando’.
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