Os imbróglios do Jabá. Um balanço da reação dos cronistas após divulgação da Lista
Por Edinei Dantas
Há muito tempo as resenhas
esportivas do rádio baiano não são tão atraentes, polêmicas e empolgantes. Contaminadas
pelo marasmo do nosso futebol vinha sendo um saco acompanhar os programas que
sempre traziam informações requentadas, plastificadas e sem um profundo
conteúdo investigativo e melhor apurado. O que é justificado pelo modelo cronista/vendedor
que contaminou há muito tempo a maioria das equipes esportivas. O colega precisa
vender e tem pouco tempo para apurar os fatos.
Porém esse marasmo foi
interrompido nesta terça-feira, 11, por conta da divulgação da tão esperada e
temida lista dos que se beneficiaram, por algum motivo, de investimento
financeiro do Bahia durante a gestão Marcelo Guimarães Filho. Tudo começou exatamente
há 1 mês, quando o publicitário e assessor especial da diretoria do Bahia, Sidônio
Palmeira, durante uma entrevista despretensiosa, caiu na pilha de José Eduardo
na segunda hora do Jornal da Bahia no Ar, na Rádio Metrópole, e disse que havia
profissionais da imprensa que recebiam jabá da administração passada do
Tricolor. A declaração não foi bem recebida pelo presidente da Associação
Baiana de Cronistas Esportivos – ABCD – Márcio Martins, que exigiu a divulgação
dos nomes destes profissionais. O cartola aceitou o desafio e após colher
provas convocou os sócios e nesta segunda, 10, divulgou para estes uma lista com
nomes e cópias de notas fiscais de transações financeiras do Bahia na gestão
MGF.
Furdunço
-
Sócios fotografaram alguns documentos e divulgaram para a imprensa causando um
verdadeiro furdunço, palavra que está na moda em Salvador. Enquanto o
corporativismo e o medo de ações judiciais intimidaram muitos veículos de
comunicação, o portal Bahia Notícias não comeu reggae e saiu publicando em doses
homeopáticas vários documentos conforme foram chegando à redação. Nas listas e
copias de notas fiscais publicadas pela mídia de Samuel Celestino constavam
farras do ex-presidente que custaram em torno de 18 mil reais aos cofres do
Bahia em churrascarias, restaurante japonês e até clube do wisky. Entre as denúncias
publicadas preliminarmente surpreendeu a todos as despesas com passagens e
hospedagens pagas pelo Bahia para uma jornalista e apresentadora da TV Record.
Uma das notas revela inclusive o pagamento de hospedagem em um hotel de luxo,
com quarto duplo casal para Marcelo Guimarães Filho e a jornalista. Vale ressaltar
que o dirigente é casado e sua senhora, Érika Guimarães, também consta na
lista. O fato fez as mentes maldosas ventilarem um possível caso entre ambos. Na
opinião do Jornalisando, neste caso a colega não entra em nada. Até onde consta
ela é solteira e desimpedida e não seria indelicada a ponto de perguntar ao
cartola de onde sairia o dinheiro para custear as despesas. E Marcelinho, como um
bom cavalheiro, claro que não permitira a musa do jornalismo baiano pagar a
conta.
Os nomes de 22 radialistas e
empresas de marketing esportivo também apareceram nesta leva de denúncias.
Resenhas
-
Excitado pela possibilidade de finalmente voltar a ouvir debates acalorados nas
resenhas esportivas de Salvador, acompanhei as principais nesta terça, 11, e
não me arrependi. Foi muito legal ver os colegas acordando e reencontrando o
jornalismo do contraditório e não apenas do dizer amém a tudo. Comecei ouvindo
parte do Bom Dia Bola com José Ataíde, um dos precursores do modelo Cronista/Vencedor
na Bahia, mas não ouvi nenhuma citação sobre o ocorrido. Minha outra atividade
profissional não me permitiu ouvir a segunda resenha do dia, o Transamérica
News com Silva Rocha e Beijoca. Durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio
Metrópole comentários superficiais, até porque o fato envolvia a vida
particular de uma ex-profissional da emissora e amiga de todos. Quando José
Eduardo chegou para assumir a segunda hora do programa disse que não
comentaria, nem citaria nomes, porque a tal lista teria sido divulgada em um papel
não timbrando e sem assinatura nem do presidente, nem do próprio Sidônio
Palmeira.
A próxima resenha que pude
acompanhar foi a da equipe Bate Bola Baiano, dos amigos Ricardo Bial e Felipe
Zamariolli, na Rádio 100 FM. Mas antes acompanhei o comentário de Cristovam
Rodrigues, na mesma emissora, dizendo que não tinha visto novidade nenhuma, e
que era uma prática antiga e normal em vários clubes do país, a permuta de serviços.
Porém no programa esportivo propriamente dito, que vai ao ar das 13 às 14
horas, a equipe jogou duro e sem citar nomes rechaçou qualquer comportamento
jabazeiro e abriu espaço para o torcedor entrar no ar e criticar a prática,
elogiando a diretoria do Bahia pela transparência.
Ainda na 100 FM, no programa
O Sistema Bruto de Uziel Bueno, o representante da categoria, Márcio Martins classificou
de leviana a exposição dos nomes dos profissionais e, segundo o colega Felipe
Zamariolli, teria dito que os atos, se foram praticados, seriam imorais e não
ilegais, não justificando portanto a exposição dos nome em arena pública como
ocorreu.
A partir das 18 horas no
programa Arena Transamérica Márcio Martins voltou a criticar o ato da direção
do Bahia, falou que na lista existem profissionais citados que nem sabiam que
as despesas geradas haviam sido pagas pelo Bahia, um dos casos já citamos.
Disse ainda que alguns profissionais citados já procuraram seu escritório de
advocacia para acionar os denunciantes na justiça e que emitiria uma nota
pública, a qual nós do Jornalisando já recebemos e publicaremos na integra. Ás 18h30min
os colegas do CBN em Campo que a partir das 19 horas é transmitido apenas pela
internet, até às 20 horas, não fizeram juízo de valor sobre o assunto, apenas citaram
superficialmente.
A partir das 20 horas
tiveram inicio as principais resenhas esportivas de Salvador. A mais importante
dela acabou acontecendo na Rádio Sociedade, que levou para seu estúdio o
publicitário e porta voz do Bahia Sidônio Palmeira. Ele foi metralhado por
perguntas de cronistas no estúdio e por Raimundo Varella e José Eduardo por
telefone. Teve de tudo. De questionamentos coerentes a rompantes emocionados contra
o dirigente que teria sido irresponsável na divulgação da tal lista. Entre a
emoção saia que a culpa era de jornalistas novinhos que estariam manipulando a
direção do Bahia contra a velha guarda da crônica. Que os fatos denunciados era
coisa antiga que sempre aconteceu e que se era para divulgar, se divulgasse também
o que acontecia na era de outros presidentes, e inclusive do próprio Schmidt,
que já comandou o Bahia outrora, dentre outros presidentes que já teriam
bancado até orgias com o dinheiro tricolor, segundo o narrador e apresentador Silvio
Mendes. Foi sugerido também que o Bahia publicasse
em seu site os cronistas e empresas envolvidos, mas justificando o porquê do
pagamento para aquelas transações que têm justificativa. Isso porque a Rádio
Sociedade estaria citada, mas que teria emitido nota, pois o registro teria
sido fruto de uma transação legal de prestação de serviço, evitando que a
empresa tivesse sua credibilidade enxovalhada. Foi pedido também que se mostre todas
as transações do Bahia com jogadores, o que o Bahia gasta com publicidade, etc.
Sidônio afirmou que não
poderá publicar nada do que foi pedido no site do clube, mas que tudo estará
sempre à disposição dos sócios nas reuniões com os mesmos. Disse ainda que não
entende o porquê de tanta revolta, já que ele repetiu várias vezes que não
houve emissão de lista de jabazeiros. Houve apenas a divulgação para os sócios
do Bahia de documentos comprovando transações financeiras no Bahia na
administração passada, fato que vai ser corriqueiro no clube devido a política
de transparência, e que em nenhum momento o Bahia fez juízo de valor, apenas
divulgou o que aconteceu e os envolvidos que julguem e quem se sentiu mal
falado que mostre que não cometeu nenhuma ilegalidade.
Por fim as demais resenhas
esportivas da noite desta terça, 11, tiveram posturas parecidas, com exceção da
100 FM. As equipes da Itapoan e da Transamérica, de mesmos donos, foram contrárias
ao que adjetivaram como enxovalhamento da imprensa esportiva de Salvador. Os Campeões
da Bola da Rádio Metrópole explicaram por que constam na lista, justificando
que houve prestação de serviço e ainda alegaram que fazem o favor de veicular um
spot de publicidade da campanha sócio torcedor do Bahia de graça. Mas a equipe
Bate Bola Bola Baiano seguiu criticando a prática do jabá, sem citar nomes,
parabenizando a transparência do Bahia e acrescentando que no Vitória também
existe e que a diretoria tem que ter a mesma coragem que a do Bahia teve e
parar de bancar cronistas, além de divulgar quem recebe dinheiro do clube.
Citada nas denuncias a
apresentadora Jéssica Senra se defendeu na abertura do programa Sociedade
Alerta, que comanda na Rádio Sociedade. Ela disse não ter conhecimento de
nenhuma despesa sua custeada pelo Bahia, o que é normal, como explicamos acima,
e quanto ao fato de ter compartilhando o mesmo quarto de hotel com Marcelo
Guimarães Filho, ela se reservou a dizer que quem quiser saber detalhes que
pergunte a ela pessoalmente. “Me pague uma cerveja e conversamos”, teria dito ela
segundo o Bahia Notícias.
JaBáhia –
Na manhã desta quarta, 12, o apresentador Raimundo Varella, no Balanço Geral da
TV Record, defendeu a Rádio Sociedade, exibiu trechos da entrevista de Sidônio
na 740, na noite passada, e criticou veementemente a prática do Jabá com tapa
na mesa e cartão vermelho, apesar de reafirmar que a prática é antiga. Logo
depois Jéssica Senra voltou a afirmar nunca ter recebido Jabá e que sobre sua
vida pessoal, “vou guardar para mim”.
Os principais jornais do Estado
não fugiram da polêmica. Atualmente campeão em vendas o Correio* estampou em
sua capa a manchete JÁBAHIA, e uma das notas fiscais disponibilizadas pelo
clube. Dentro da matéria citou que o clube apontou gastos de 865 mil reais com
imprensa, terceiros e outros serviços; divulgou lista de 21 radialistas que
constam em notas fiscais (foto), além de empresas e até nome de conselheiro do
Vitória, que hoje é comentarista, e apresentador de programa Vitória na TV.
Ainda segundo o Correio* havia também notas de possíveis jabás pagos pela atual
administração do Bahia.
Baixaria
– Como
regra do bom jornalismo o Correio* também ouviu o ex-presidente do Bahia Marcelo
Guimarães Filho. O mesmo afirmou nunca ter pago jabá a radialista e ainda, por
ter a vida pessoal exposta, rebateu: “Eu durmo com mulheres e tenho vários
amigos homossexuais e não tenho nada contra. Como o presidente de fato é
Sidônio, o presidente de direito (Fernando Schmidt) precisa assumir o Bahia e
que é homossexual”.
O Jornal A Tarde não chamou
atenção em capa, mas publicou amplamente sobre o assunto em seu caderno A Tarde
Esporte Clube.
O Jornalisando, que nunca
foi custeado por clube nenhum, continuará acompanhando o caso e sem emitir juízo
de valor até que todos os pormenores sejam devidamente explicados, mantendo sua
postura ética, mas sem corporativismo para defender o errado.
O MENSALÂO DO FUTEBOL.
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