Prisco diz que imagens da Globo sobre greve da PM são 'montagens' e revela que tentará audiência com Wagner

Bahia Notícias: Quarto vereador mais votado em Salvador, pelo PSDB, em uma das votações mais expressivas que o partido teve na disputa pela Câmara Municipal. Como você avalia a campanha? Quais foram os reais motivos de Prisco ter conseguido uma votação tão expressiva?

Marco Prisco: O real motivo foi o descontentamento da própria categoria e da sociedade, porque a gente não teve voto só de policial. Lógico que a maioria dos votos foi de policiais. O descontentamento da sociedade com o governo do PT, com a forma que o PT vem governando a Bahia. Essa votação poderia ser até um pouco maior. O governo do Estado trabalhou na sexta-feira antes da eleição, transferindo para o interior 2,4 mil policiais e não permitindo que 3.522 da Região Metropolitana votassem. Porque nunca existiu na Bahia uma escala de prontidão das sete da manhã às sete da noite. Ninguém da região metropolitana votou. A gente teve uma perca (sic) de quase seis mil votos. A expectativa nossa era muito grande por causa da revolta da categoria que continua sendo enganada, sendo traída por esse governo.

BN: Prisco militou no PSOL, depois passou para o PSDB, que tem linha ideológica distinta. O que foi que motivou você a sair de um partido considerado de extrema esquerda para um partido mais conservador?

MP: Militei primeiro no PT, depois fui para o PCdoB, depois é que fui para o PSOL e do PSOL é que eu fui para o PSDB. O que me encaminhou para isso aí foi a questão de espaço partidário. O PSOL não tinha esse espaço partidário. Eu era assessor da senadora Heloísa Helena e trabalhava muito mais fora no PSOL do que aqui. E o PSDB me deu esse espaço que eu queria ter aqui e poder militar tranquilamente aqui.

BN: Um dos motivos de você ter conseguido essa força com a categoria foi aquele episódio da greve da PM, em 2001, em que você foi demitido. Como foi essa demissão em 2002, o que foi que aconteceu?

MP: Eu fui demitido no dia 9 de janeiro de 2002. Na época existia o Conselho de Disciplina. Eu fui acusado de estar panfletando na área da 25ª, essa companhia aqui, aqui no Iguatemi. Está nos autos isso. Na realidade, não estava nem panfletando, eu estava disputando o campeonato da Polícia Civil, na época estava tendo essa integração entre Polícia Civil e Polícia Militar. Eu jogava pela 1ª Delegacia. A panfletagem aconteceu, de fato, no horário do jogo, só que eu não estava presente. Fui acusado disso, fui responder um processo que dura de 30 a 60 dias. O processo durou apenas 18, né? E não teve nenhuma prova contra mim nos autos de que eu estava presente. E a comissão que apurou, dois majores e um capitão, decidiu depois da apuração de 18 dias – e sem nem ter ouvido as testemunhas –, o Conselho apurou e disse que não caberia nem sequer uma punição de advertência para mim e pediu o arquivamento do processo. O comandante-geral da época era coronel Jorge, anterior a Santana, me demitiu e colocou que 'demito o soldado Prisco Machado, pois é público e notório que o mesmo participou da greve’. Não era o fato que me levou ao processo. Eu era acusado de panfletagem e fui demitido por ser acusado de ter participado da greve. É como ser acusado de extorsão e ser demitido por assalto. Foi um processo todo aberrante, tanto sim que, na primeira auditoria militar, o juiz considerou a minha demissão um ato fraudulento, ele mesmo escreveu com as palavras dele. Dormi policial na sexta e na segunda, que fui levar as testemunhas para serem ouvidas, fiquei sabendo que fui demitido.

BN: Isso aconteceu ainda no governo Paulo Souto?

MP: César Borges...

BN: César Borges, que era desse grupo que hoje você está apoiando, no caso de ACM Neto. César Borges foi para o lado de Wagner, mas a base de sustentação era essa: Paulo Souto, ACM Neto, o próprio Antonio Carlos Magalhães... Você não fica ressentido, não, com alguma coisa do pessoal que era do PFL? Ou você atribui essa ação especificamente a César Borges?

MP: Essa ação se restringiu exclusivamente a ele, na época, que era o governador. Até porque hoje o PFL está mais dentro do governo do PT do que fora: Otto Alencar, César Borges, [João] Leão e outros e outros mais.

BN: Sobre essa suposta perseguição a Prisco, o que você acha que aconteceu?

MP: Toda pessoa que luta por direito, que quer uma coisa correta, dentro de uma instituição que como a Segurança Pública está falida, é perseguida, automaticamente. Não fui o primeiro nem serei o último.

BN: Você ganhou o direito a reintegração agora, depois de recursos?

MP: Em janeiro de 2010, eu ganhei a primeira. Em 2010, já tinha sido sancionada a Lei 12.191, a lei de anistia, na qual o único estado
que não cumpre é a Bahia. De treze estados, doze cumpriram, menos a Bahia. Foi sancionada por Lula, inclusive.

BN: Por que você acha que isso não foi cumprido ainda?

Advogado de Prisco [Fábio Britto]: Antes, me permita fazer um esclarecimento. Na verdade são dois aspectos distintos: temos uma ação que é para garantir a efetivação da anistia. São duas leis de anistia, uma lei sancionada por Lula, a Lei 12.191, e  outra sancionada por Dilma Rousseff, em outubro, que é a Lei 12.505 de 2011. São duas leis que anistiam policiais que participaram de movimentos reivindicatórios por melhorias salariais no período de 1º de janeiro de 1997 até outubro de 2011 – policiais envolvidos em transgressões disciplinares e crimes militares. E tem outra situação distinta, que não é essa. A primeira reintegração de Prisco foi um mandado de segurança que nós impetramos no Tribunal de Justiça contra o governador Jaques Wagner. Nós ganhamos de Wagner por 42 a zero. Nós ganhamos em janeiro de 2010. E teve uma ação ordinária com o pedido de anulação do processo administrativo. E o processo foi anulado pelo juiz auditor militar, que declarou a anulação do processo que demitiu ele, justamente por isso: não há congruência entre a acusação e a motivação da demissão. Por conta dessa incongruência, a Justiça Militar anulou o processo administrativo dele e disse que ele deve ser reintegrado. Isso aconteceu logo depois dessa greve de agora, de 2012. Nós temos cinco ou seis decisões [pela reintegração de Prisco à PM] e o governo não cumpre; entra com recursos e não cumpre. Nós vamos representar essa situação na Procuradoria-Geral da República, porque é caso de intervenção federal. Eles não cumprem...

BN: Você acha que é pela sua força dentro da corporação que eles não reintegram você?

MP: É uma questão política, não tenho dúvida disso. Eles não querem cumprir porque é uma questão de vaidade acima de qualquer coisa. Eu quero que eles cumpram a decisão judicial, até a mais alta Corte da Justiça já determinou. Eles devem estar se achando acima da Justiça. O último recurso ele perdeu há uns vinte dias, mas não cumpre. Tudo isso é uma perseguição política. Isso está até me fortalecendo, politicamente falando. É até uma falta de inteligência deles.

BN: Tinha saído uma decisão judicial de que, se não me engano, você teria recebido pedido de prisão domiciliar, mas na verdade a decisão era de que você estaria impedido de participar de eventos, de panfletagem, de ter contato com o sindicato... Isso não ficou bem esclarecido na época...

MP: Eu tive o pedido de prisão domiciliar. O promotor pediu minha prisão domiciliar e pediu várias restrições: eu não poderia entrar em quartéis, eu não poderia falar com nenhum dirigente das associações – falar, eu não poderia falar nem por telefone – e não poderia viajar. Isso era praticamente uma prisão. Eu estava solto, mas não podia ter acesso a nada. Não podia falar com dirigentes de associações, nem da minha [Aspra], que sou presidente. Proibiu também de fazer reunião. Entramos com duas ações na Justiça, mas não conseguimos lograr êxito, mas agora, perto da eleição, entramos com outro pedido e, 20 dias antes da eleição, saiu o resultado: garantiu direito a falar com os policiais, a frenquentar os quartéis. Só a questão de viajar ela manteve a decisão, quer dizer, viajar só com a autorização dela, mas não me impede de viajar.

BN: Na época da greve da PM, eu recebi uma ligação. O relato que um oficial da PM me fez foi de que não teria sido panfletagem o motivo de sua demissão, e sim uma invasão ao quartel e você ainda teria atentado contra a vida de uma das pessoas que faziam segurança no quartel de São Joaquim....

MP: Oitavo Batalhão...

BN: Não houve esse episódio? Por que um oficial da Polícia Militar procurou a imprensa para relatar um episódio falso?

MP: Eu queria que ele tivesse a mesma coragem para procurar a imprensa para dar o nome dele e relatar porque na época ele não procurou a imprensa, nem a Justiça. Houve a invasão do 8º Batalhão, mas a minha demissão não se deu por isso: está nos autos do processo. Eu fui demitido por panfletagem. Houve o fato da invasão. Não houve o fato de eu ter atirado nele, até porque nesse dia do fato eu não estava armado. Eu estava com 17 pessoas.
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