[Luto na PMBA] Desabafo de um Policial/Jornalista pela morte de mais um colega
Por Edinei Dantas
Mais um representante do estado na luta por manter a paz da população soteropolitana perdeu sua vida. Morreu na tarde desta segunda-feira, 17, o Soldado Robério Emanuel das Virgens, 44 anos, lotado na 47ªCIPM/Pau da Lima, após ter sido baleado por traficantes enquanto trabalhava. Em perseguição, policiais da Rondesp trocaram tiros com três dos suspeitos de envolvimento no crime, dois morreram e um foi preso. Em entrevista à imprensa o sobrevivente informou que ele e os amigos estavam usando drogas quando o policial chegou, assustados deflagraram três tiros contra o agente da lei, que foi encaminhado ao Hospital do Subúrbio, onde veio a óbito. Na verdade sabemos que usuários em débito são obrigados pelos traficantes a pagarem a dívida “derrubando” policiais.
Junto com o menor apreendido foram encontradas armas e drogas. Os tiros de pistola 9mm atravessaram o “novo” colete balístico, utilizado pela tropa desde o início deste ano. O policial tinha 22 anos na corporação e prestava um bom serviço para a comunidade, segundo informou colegas, amigos e moradores do bairro onde ele atuava.
Desabafo e Revolta – O Soldado Das Virgem foi mais uma vítima desta desamparada polícia militar. Uma corporação formada por guerreiros, tirando alguns marginais infiltrados, cujo trabalho é arriscar suas vidas em prol da vida de outros, na maioria das vezes desconhecidos. Sem reconhecimento salarial e moral, sem condições adequadas de trabalho, treinamento e acompanhamentos, principalmente psicológico, homens e mulheres vestem diariamente a honrosa farda onde está estampada a bandeira do estado da Bahia. Ou seja, atiraram contra a representação do Estado da Bahia, mas nem parece. A Polícia Militar é quem mais perto está da sociedade. Quando um grave revés acontece com qualquer pessoa as duas primeiras lembranças, Deus e a Polícia.
Morreu mais um policial militar, e a única manifestação que veremos será uma nota de pesar emitida pelo departamento de comunicação. A população que tanto a briosa defende não irá às ruas se manifestar revoltada como faz quando morre um marginal, pressionada pelos traficantes. Os familiares também não o fazem por medo de retaliações e as associações? Bem, eu sou um dos diretores da maior delas e ficarem extremamente decepcionado se nada for organizado para mostrar o repúdio do policial militar ao descaso.
Ah! Quanto à mídia? Eu também faço parte dela, sou jornalista, e digo, esqueça! Com raríssimas exceções essa só se manifesta quando um policial comete um erro, estampando-o na capa manchada de sangue, como se este fosse o espelho de toda uma briosa corporação.
Acredito que acabei de construir um texto fora da maioria das normas que aprendi esquentando as cadeiras da faculdade. Não sei mais se isso é uma matéria, um artigo, ou uma crônica. Mais é no mínimo o desabafo de um policial/jornalista.
O soldado Das Virgens que deixa esposa e três filhos será enterrado nesta terça, 18, a partir das 11 horas no cemitério Bosque da Paz.
É lamentável perder um colega desta forma. Um pai de família que deixa mulher e filhos desamparados. E agora será que os Direitos Humanos ira se manifestar?
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