#LH - A nova geração talentosa do rock/mpb brasileiro: geração "Los Hermanos", até no meio Gospel.


Por Tagutti
Fico impressionado como, quanto mais ouço novas bandas e cantore(a)s nacionais, em tudo quanto é timbre, letra e harmonia sobressai a influência do Los Hermanos. O quarteto carioca surgiu num período de transição para a música nacional, em que a influência do rock inflamado, político dos anos 80, muito espelhado no ska e no punk rock, ia perdendo fôlego.
Lá e cá o rock nacional ia se descolando do estilo classe média brasiliense, investindo em temáticas mais regionalistas, como Raimundos, Chico Science e Mundo Livre S/A, grupos oriundos das periferias (Racionais MC's, Planet Hemp, O Rappa), e no meio desse turbilhão gestou-se, em 1997, a banda de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. Como prova deste momento, o primeiro CD deles era pontuado de referências ao Ska e ao Hardcore, isso sem contar o arrasa-quarteirão "Ana Júlia".
O relógio foi correndo, e a sonoridade do quarteto deu um giro de 180 graus.
Enquanto a influência de Paralamas, Weezer e outros ia gradativamente refluindo, a presença do violão e de alguns acordes típicos da Bossa Nova cresceu, e o lirismo nas letras foi sendo cada vez mais explorado até chegarmos na obra-prima "4", um álbum experimental que mescla rock progressivo, mpb e bossa nova.
A banda, de 1997 a 2007, se não repetiu o sucesso de "Ana Júlia", virou um fenômeno entre o público cativo. Ir num show dos Los Hermanos trazia a sensação de estar inserido num culto religioso, onde todos cantavam, em únissono, e do começo ao fim, as letras de todas as músicas da apresentação. Por isso a fama de chato - ao lado de fãs de Legião Urbana - que seus seguidores ainda nos dias atuais conservam.
Hoje, ouvindo a sonoridade das novas bandas e cantore(a)s rotulados como promissores, me parece que toda essa devoção teve implicações profundas no rock nacional.
O jeito "Marcelo Camelo" de cantar, meio cool, meio sonolento, propositadamente despretensioso, parece encampado por 9 entre 10 cantores hoje. Aquela fusão, o MPB moderninho que apareceu em "Samba a Dois", "Fez-se Mar", "Morena" e outras do Los Hermanos, em menor ou maior medida, parece presente em Tulipa Ruiz, Céu, Mallu Magalhães (esta por motivos óbvios) e muitas das cantoras e cantores que surgiram recentemente. As letras panfletárias, iradas dos anos 80, foram sendo substituídas pelo lirismo de Camelo e pela ironia de Amarante.
Me parece que, na toada de Los Hermanos, o rock nacional resolveu reconciliar-se com suas raízes tupiniquins, ganhando densidade nas letras e nas melodias, diminuindo bem a influência do rock anglófono, com o efeito colateral de perder um pouco da rebeldia e do engajamento de outrora. Pouco se vê hoje, por parte dessa geração, algo tão incisivo como "Que país é este" e "A burguesia fede". Se antes, denunciava-se a miséria e o imperialismo emulando bandas inglesas, hoje foca-se mais na brasilidade, na celebração do "viver devagar, quase parando" a la Marcelo Camelo.
Para quem gosta de música popular brasileira, hoje o rock nacional fere muitos menos seus ouvidos, com um qualidade de letra e melodia que faz recordar bons períodos da nossa música popular. Por outro lado, não dá para querer que a juventude musical de hoje explore exatamente os mesmos temas da juventude musical de outrora, recém-saída de uma ditadura militar, num período em que o simples ato de votar ou opinar sobre algo era luxo para poucos. Cabe aqui ver o copo meio cheio ou meio vazio, depende da ênfase a que quer se dar a algum discurso.
De todo modo, me parece muito bem que os jovens músicos de hoje, seja pela barba malfeita, pela introdução da poesia nas músicas, pelo reencontro com a MPB, parecem de fato viver a tal da "Geração Los Hermanos". Isso até outro grupo musical entrar em cena e quebrar novamente os paradigmas.


Gospel por Edinei Dantas - E esta influência já é vista até no meio Gospel, principalmente através da Banda mineira Palavrantiga. A aparência vai desde a sonoridade à forma de cantar do vocalista Marcos Almeida, que por coincidência ou não também é barbudo, uma das marcas do Los Hermanos.

Texto completo em http://jornalggn.com.br/blog/tagutti/a-nova-geracao-talentosa-do-rock-mpb-brasileiro-geracao-los-hermanos

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